by Max Barry

Latest Forum Topics

Advertisement

Search

Search

[+] Advanced...

Author:

Region:

Sort:

«12. . .3,4533,4543,4553,4563,4573,4583,459. . .3,7263,727»

Rajante wrote:oi

Olá,seja bem-vindo

Portugal Digital wrote:O Ministério da Cultura tem o prazer de anunciar que as votações para o concurso de escrita em Português começa hoje na forma de uma sondagem - page=poll/p=187977!

Os textos a concurso são:

Podem-nos encontrar igualmente no despacho das Lusitaníadas

Medo desse resultado kakakak

Estou sonhando ou meu jornal está em 3 lugar mundial de Dispatch? 🗣️🗣️🗣️🗣️

Agora foi pra 4 lugar 😔

Zakrya

Não se esqueça de atualizar o Dispatch das relações comerciais.

Dorne Cheenzer wrote:Zakrya

Não se esqueça de atualizar o Dispatch das relações comerciais.

Já adicionei.

Caxina wrote:Nacionalizar os ctt que estão pessimos pls! Also o problema da precariedade laboral em carreiras cientificas, nao há descontos e só se fores stor é que recebes um salario fixo, senao...

Se fosse só em carreiras científicas. É precariedade em tudo....

Acho que ele se devia focar nos salários, SNS e direitos laborais

Prtugal wrote:Se fosse só em carreiras científicas. É precariedade em tudo....

Acho que ele se devia focar nos salários, SNS e direitos laborais

direitos laborais em geral, ou algum assunto mais em específico (recibos verde, por exemplo) ou achas que é preciso uma reforma geral em toda área?

com os recibos verdes lembrei-me também da segurança social: o governo precisa de arranjar forma da segurança social não ir à bancarrota na próxima década, é triste que nenhum partido ande a tentar arranjar uma solução séria que passe por reformar o sistema de segurança social, porque, mesmo assumindo que este é o melhor, não está manifestamente a funcionar, mesmo que seja por algo específico de portugal

para mim, que estou a pensar viver de subsidios, não me faz diferença, mas pensei nas crianças...

https://expresso.pt/economia/2022-06-23-Concursos-internacionais-mais-mulheres-e-impeachment-reforcado-Chega-IL-e-PAN-querem-mudar-regras-nos-reguladores-PS-nao-4c618a47

é triste que sejam o André 'a culpa é dos ciganos' Ventura e os seus capangas a propôr algo óbvio, tipo não deixar unicamente para o governo escolher os diretores dos órgãos que também regulam o governo... mas pronto, dizem-me que o PSD é que é líder da oposição

Obrigar o Governo a dividir com o Parlamento a destituição dos administradores dos reguladores, realizar concursos internacionais para a sua escolha e aumentar a presença feminina nos conselhos de administração: estas são propostas que o Chega, a Iniciativa Liberal e o PAN levam a plenário esta sexta-feira, mas que deverão ficar já pelo caminho, dada a pouca abertura do Partido Socialista para a sua aprovação, segundo apurou o Expresso.

Os três diplomas propostos, que vão a discussão, visam alterar a Lei-Quadro das Entidades Reguladoras, que abrange entidades desde a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários até à Autoridade da Concorrência, passando pela ERSE ou Anacom.

Os documentos trazem uma nova discussão sobre os reguladores (alguns até repetindo ou seguindo iniciativas anteriores), um tema muito caro que ocorre numa altura de recrutamento para várias administrações. Porém, segundo apurou o Expresso junto de fontes parlamentares, não há hipótese de chegarem à comissão de Economia – a palavra definitiva é dos socialistas, maioritários no plenário, e não há vontade para dar o "ok" para que os documentos desçam à especialidade.

Este ano há entidades reguladoras a mudar de liderança (a CMVM procura um novo líder, o mandato da presidente da Autoridade da Concorrência termina no fim do ano), e o Chega, terceiro maior partido da oposição, pretende alterar o modo, não da escolha, mas da destituição dos administradores.

Atualmente, a dissolução de um conselho de administração ou a destituição dos seus membros é decidida pelo Conselho de Ministros, que pode seguir-se a uma recomendação da Assembleia da República, uma decisão que tem de ser “sempre fundamentada em motivo justificado”. O partido liderado por André Ventura pretende que o Parlamento tenha mesmo de deliberar no sentido do afastamento, e só assim o Governo poderá tomar a decisão.

“Não conhecemos nenhum processo de impeachment (é disso que se trata) de órgão ou de membro deste, que tenha tido lugar até à presente data. Mas a política das cautelas aconselha a prevenir tais experiências e a formular alternativas. A relevância das funções que estão cometidas às entidades administrativas requerem que seja prestada particular atenção ao processo de cessação de funções, coletiva ou individual, dos respetivos membros, assegurando a intervenção da Assembleia da República no processo de verificação da existência de motivo fundamentado para tal cessação de funções”, é o que diz a exposição dos motivos do diploma proposto pelo Chega.

Porém, do lado do PS, maioritário no Parlamento, não há vontade de aprovar a medida para discussão em sede de especialidade, a mesma posição que há para os outros dois diplomas.

CONCURSO INTERNACIONAL E 40% DE MULHERES
A Iniciativa Liberal avança com um projeto praticamente igual ao que já tinha apresentado em setembro de 2020, mas que caducou sem qualquer discussão. “Os membros do conselho de administração são indicados, por procedimento concursal de âmbito internacional, nos termos dos artigos seguintes, de entre indivíduos com licenciatura concluída à data de abertura do concurso há, pelo menos, 10 anos”, é a proposta feita pelo partido, que também pretende introduzir as expressões “independência de espírito” e “ausência de conflito de interesses” nas características a apresentar por estas individualidades.

A proposta de “projeto de lei procura assegurar a independência das entidades reguladoras através dum maior rigor e transparência na escolha do conselho de administração”, explica o partido encabeçado por João Cotrim de Figueiredo.

No caso do PAN, o objetivo é alargar para todos os reguladores aquilo que ficou definido há dois anos para o Banco de Portugal, na lei que foi criada visando impedir a ida de Mário Centeno para o supervisor, que, não o tendo conseguido, acabou por deixar outras medidas.

Neste momento, nos restantes reguladores, há uma obrigação de que um terço dos membros das administrações sejam do género subrepresentado (quase sempre o feminino), que o PAN pretende elevar para 40%, como há no Banco de Portugal – obrigação, porém, que não está a ser cumprida no supervisor bancário.

Além disso, o partido representado pela deputada Inês de Sousa Real queria alargar o âmbito de aplicação dos períodos de nojo, como os que foram introduzidos para o Banco de Portugal em 2020. “Propomos que se prevejam períodos de nojo de 3 anos que impeçam a ocupação de cargos em entidades reguladoras em entidades pertencentes ao setor regulado”, explica o PAN na sua proposta de diploma.

A regulação e supervisão são áreas em que tem havido tentativas de mexidas, mas muito tem ficado pelo caminho. Mesmo a supervisão financeira, que o Governo de António Costa considerou prioritária em 2015, não foi alvo da reforma que classificava como essencial e que acabou por caducar.

Lusitanialand, Astartia, Portugalio, Totaristan, Arquipelago da Coruja, Reino de Portvgal, Prtugal, The Portuguese Workers, Medar, Kukinalia, Alentejo and Algarve, Reino do vale, Hugoland, Olarista, Union of Love, The Peacful Union of The world, Nookie Island, Dominios portugueses, Ivanalnut, Popular republic of arstotzka, Ofiussia, Pereiras, Nea Athinae, Greater eclipse, Ossela, Zakrya, Codyn, Cotrizia, Mr capitalism, Caxina, Reinado Brasileiro, Doccar

Por favor, se derem quote a esta mensagem apaguem as menções acima, para que as pessoas não sejam mencionadas mais vezes do que necessário, obrigado.

O que acharam dos textos dos nossos concorrentes em língua portuguesa? Fico um bocado triste que não houvesse mais gente a participar, mas já foi melhor do que as 2 submissões que esperava

Herya wrote:O que acharam dos textos dos nossos concorrentes em língua portuguesa? Fico um bocado triste que não houvesse mais gente a participar, mas já foi melhor do que as 2 submissões que esperava

Todos ficaram bons.

Para quem se interessar pelos painéis de São Vicente de Fora: https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2591/html/revista-e/-e/quem-como-quando-e-porque

No fim de “O Nome da Rosa”, Adso de Melk, o noviço narrador da obra magna de Umberto Eco, recorda a reconstituição da biblioteca incendiada com base nos vestígios que conseguira recuperar. Um trabalho de uma vida, assumidamente incompleto e falível à partida. A última frase do livro soa como um alerta e um suspiro: “Stat rosa prístina nomine, nomina nuda tenemus.” Algo como: “A rosa antiga está no nome, e nada nos resta além dos nomes.” Afinal, o que temos das obras mais antigas senão um conhecimento imperfeito?

Por trás de vidros e sob o olhar de quem quiser ver, numa sala do terceiro piso do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), os “Painéis de São Vicente” são alvo da maior operação de estudo jamais realizada. Os últimos grandes trabalhos de restauro aconteceram há mais de 100 anos, pela mão de Luciano Freire. Mas desde 2020 e até 2025, os 60 misteriosos rostos pintados no políptico estão a ser examinados por uma equipa de investigadores portugueses e internacionais, desta vez com uma artilharia de meios técnicos que seria impensável na altura em que foram pela primeira vez expostos na Academia de Belas Artes de Lisboa, em 1910, um ano depois do restauro de Freire. O diretor do MNAA, Joaquim Caetano, garante que “por, pelo menos, mais 100 anos não será necessário voltar a mexer nos ‘Painéis’”, mas avança também que, por mais informação que se esteja a recolher, novas perguntas vão surgir, reiterando o carácter enigmático desta obra.
De cima daquelas imagens com 400 anos estão a ser retiradas camadas de pó, verniz e tintas que lhes foram sendo adicionadas ao longo dos anos. Quem já nos olha sem nenhum véu de verniz é o homem de negro com o grande chapéu borgonhês, aquele que, desde o dia em que os “Painéis” foram redescobertos — em 1882, no Paço Patriarcal de São Vicente de Fora, por monsenhor Alfredo Elviro dos Santos, secretário do Patriarcado —, se considerou ser o infante D. Henrique. Sem tantas capas de verniz, o senhor revela-se, afinal, menos tisnado do que nos acostumamos a ver nos livros de História, deitando por terra o mito de que aquele representante da Ínclita Geração — como Camões chamou aos filhos de D. João I com D. Filipa de Lencastre — tivesse queimado a pele de tanto observar o mar, do alto do promontório de Sagres. Mas na pintura, em que não se encontra nenhuma das respostas de um lead noticioso tradicional — quem, onde, quando, como, porquê —, a identidade deste homem já não é uma das incógnitas.
Faz exatamente uma semana que quatro investigadores do Laboratório Hércules de Évora se deslocaram à Biblioteca Nacional de Paris para estudar a imagem do homem de negro que integra a “Crónica da Guiné”, de Gomes Eanes de Zurara. Partiram para a capital francesa carregados de equipamentos científicos, porque, desde que a crónica foi descoberta em Paris e publicada em 1841 pelo visconde de Santarém, nos habituámos a associar a imagem do infante ao homem de bigodes e chapéu à moda da Borgonha; dúvidas havia de que esse e o homem que também aparece nos “Painéis de São Vicente” fossem realmente D. Henrique. “Queríamos perceber se havia algum desenho subjacente ao retrato que colocasse a identidade em causa e confirmar se aquele fólio fazia parte integral do documento original ou se foi posteriormente lá colocado”, explica António Can­deias, professor catedrático de Química e Bioquímica na Universidade de Évora e fundador do Laboratório Hércules, que também participa no projeto de restauro dos “Painéis”.
Desde há muito que investigadores levantaram dúvidas se aquele homem que nos livros de História e nas estátuas e monumentos que engalanam praças pelo país é realmente o infante D. Henrique. Porque se a ilustração da “Crónica da Guiné” é muito similar ao retrato que figura nos “Painéis de São Vicente”, também é verdade que aquele rosto pouco ou nada tem a ver com as representações do infante presentes no Mosteiro dos Jerónimos, no Mosteiro da Batalha ou no Convento de Cristo em Tomar. A imagem que vingou até hoje foi a da “Crónica da Guiné”, mas sobre ela levantaram-se suspeitas, devido à possibilidade de ser uma falsificação.

Dagoberto Markl, curador do MNAA, foi quem levou mais longe essa hipótese de falsificação da iconografia henriquina, tendo escrito em 1988 — em “O Retábulo de São Vicente da Sé de Lisboa e os Documentos” — que “somos levados a admitir que, nos tempos mais próximos, a nova imagem do infante D. Henrique e do rei D. Duarte não irão mudar; o peso da tradição, a relutância dos historiadores em aceitar uma proposta diferente [...], um certo secretismo que paira sobre os ‘Painéis’ são, independentemente de outros, motivos suficientes para a manutenção da ‘tese oficial’”.

Só passados 34 anos a dúvida chega ao fim. “O desenho é muito bem feito, o chapéu, sobretudo, tem textura, é possível, com o equipamento utilizado, ver que foi desenhado como se tivesse pelos, como estamos a perceber que também acontece na imagem do infante nos ‘Painéis’”, avança António Candeias. Os investigadores confirmaram ainda que o fólio é parte integral do caderno, “não podendo de forma alguma” ter sido introduzido posteriormente. “Os estudos eram feitos com base em fotografias, mas agora não. Verificámos que o desenho subjacente não traz nenhuma imagem nova, é apenas preparatório do retrato definitivo. Não há ali nada de suspeito. Deixa de ser uma questão de fé e passa a ser uma questão de facto: o homem de chapéu preto é mesmo o infante D. Henrique”, encerra o professor.
Esta nunca foi, ademais, uma preocupação prioritária para Joaquim Caetano, o principal responsável pelo profundo processo de restauro que decorre no MNAA. “O objetivo principal desta intervenção não é debater a identidade das personagens, mas recuperar as pinturas.” Por isso, antes de rumar a Paris para estudar a “Crónica da Guiné”, o diretor do Laboratório Hércules e a sua equipa realizaram — e continuam a realizar — “uma varredura” dos componentes químicos presentes nos “Painéis de São Vicente”. Com um espectómetro de fluorescência de raios-X — avaliado em 200 mil euros e pela primeira vez utilizado em Portugal — identificam todos os elementos químicos presentes na pintura, “milímetro a milímetro”. Juntamente com as análises de raios-X, a refletografia de infravermelhos e ainda o mapeamento de todos os restauros e intervenções já efetuadas colaboram no esforço de rastrear os indícios deixados pelo tempo, fornecendo materialidade científica às análises que serão posteriormente realizadas pelos especialistas de várias áreas. “Ficaremos com uma enorme quantidade de dados para trabalhar durante muito tempo”, avança Joaquim Caetano.
Um processo de investigação que já leva dois anos e que ainda não terminou. Em setembro chegam técnicos da Universidade de Ghent, na Bélgica, que farão microfotografias de todo o políptico, permitindo a seguir visualizar as imagens obtidas, como se estas estivessem debaixo de um imenso microscópio. “Com esta colaboração acabam-se os procedimentos analíticos que cobrem toda a bateria de testes que fizemos aos ‘Painéis’”, explica o diretor no MNAA. Encerrada a fase das investigações chegará então o difícil momento de tomar decisões. Até setembro, as conclusões destas análises serão enviadas a consultores internacionais do Museu Nacional do Prado, em Madrid, do Metropolitan Museum, de Nova Iorque, do Instituto Central de Restauro da Bélgica e da National Gallery de Londres. Helene Dubois será uma das peritas ouvidas. Ao Expresso disse por escrito que “quando obras-primas como estas são tão extensivamente pesquisadas e meticulosamente restauradas, sempre são feitas novas descobertas”. A especialista que liderou a célebre intervenção do “Retábulo de Ghent”, pintado no século XV pelos irmãos Hubert e Jan van Eyck e em que a imagem do Cordeiro de Deus ganhou um olhar mais expressivo, afirmou também “esperar resultados importantes deste desafiante e complexo projeto de conservação e restauro de uma das mais maiores joias do património português”.

Para Joaquim Caetano, contudo, a missão desta intervenção não é fazer revelações bombásticas, mas preservar as pinturas. “Esta é a primeira intervenção global sobre os ‘Painéis de São Vicente’ que é acompanhada por métodos científicos para a caracterização material e artística desta pintura, permitindo o conhecimento dos desenhos subjacentes e dos pigmentos. Mas é natural que com muito mais informação se coloquem perguntas que não eram colocadas antes, justamente por não haver estes elementos básicos. Mas o fundamental era recuperar a obra, que estava a sofrer uma preocupante degradação”, alerta.
DÚVIDAS SEM SOLUÇÃO

As perguntas sobre o sentido subjacente às imagens retratadas nas seis tábuas de madeira arrastam-se no tempo, a começar por São Vicente, a personagem mais destacada e que dá nome aos “Painéis”. Ou do homem cujo rosto, ainda coberto por camadas de verniz escuro, se assemelha a António de Oliveira Salazar, como terá feito acreditar em 1932 o diretor do “Notícias Ilustrado”, José Leitão de Barros, mais conhecido por ter realizado dezenas de filmes associados ao Estado Novo. Ou sobre quem será a mulher mais jovem que aparece no canto inferior esquerdo de um dos painéis centrais, com uma roupa com incoerências de tamanho e formato. Ou ainda sobre o jovem de barba que num desenho oculto detetado pelas análises aparece sem barba e que com ele traz tábuas marcadas por pequenos olhos de onde saem escorrências. Ou o homem que carrega algo que se assemelha a um esquife ou urna funerária. Ou o arcebispo com uma joia exuberante... Quem é esta gente, pergunta-se há muito em Portugal, e tantas são as especulações que, com humor, Joaquim Caetano responde que “não é objetivo desta intervenção limitar a criatividade nacional”. Numa das últimas obras publicadas sobre os “Painéis” estimava-se em mais de 1500 os textos e livros já produzidos sobre o assunto, a esmagadora maioria com teses fantasiosas, assentes em supostos factos mirabolantes.
Além das desconfianças acerca de quem são cada uma ou pelos menos as principais personagens representadas no políptico, outra questão que se arrasta é a da própria autoria dos “Painéis”. “Temos vários documentos muito coerentes em relação à atribui­ção destas pinturas a Nuno Gonçalves”, agarra-se Joaquim Caetano, reconhecendo, no entanto, que “a influência flamenga [na obra] existe”. O diretor do MNAA alinha pela corrente mainstream, para quem o pintor é Nuno Gonçalves, o santo é São Vicente e o local para onde as pinturas foram produzidas é a Sé de Lisboa. Mas o assumir de uma conexão flamenga pode ser um passo rumo a outras latitudes até agora menos consideradas na historiografia oficial. A técnica do óleo, utilizada nos “Painéis”, “é desenvolvida na Flandres e torna-se generalizada no século XV. Nesta altura é ainda relativamente recente, mas podemos ver que o tipo de luzes utilizadas e a modulação típica da pintura a óleo são feitas através de camadas de tinta básica, que depois são tratadas com veladuras, lacas, transparências, que criam os efeitos de claro e escuro”. E há alguns sinais a ter em conta: “Também temos uma espécie de acabamentos com pequenos traços finos com tinta branca, que às vezes só se veem com uma lupa. É quase como se fosse alguém que domina totalmente a técnica do óleo, mas que tem uma prática, que provavelmente vem de um hábito ou de uma tradição, que é a da pintura a têmpera, a fresco.”
Francisco de Holanda, um dos mais importantes vultos do Renascimento em Portugal, é citado por Joa­quim Caetano para evidenciar a excecionalidade de Nuno Gonçalves. “Holanda escreveu em 1548 sobre as pinturas dos ‘Painéis’, gabando-as por algo que nós ainda hoje as podemos gabar, ou seja, de que tinham a discrição e a força da Antiguidade. Disse que em tempo tão bárbaro como aquele, há um sentido de dignidade das figuras — é a palavra que ele utiliza —, que atribui a Nuno Gonçalves, classificado por Francisco de Holanda como um dos ‘águias da pintura’” (a citação integral de Francisco de Holanda é: “Em tempo mui bárbaro quis imitar nalguma maneira o cuidado e a discrição dos antigos e italianos pintores”). Joaquim Caetano recupera também documentação régia, do tempo de Afonso V, em que surgem referências a Nuno Gonçalves “como um pintor absolutamente extraordinário e tratado de forma diferente dos outros”, de tal forma que, quando é nomeado pintor régio em 1450, “vai ganhar o triplo do seu antecessor e, passado pouco tempo, é-lhe aumentado o soldo”. E que, “em 1472, quando é pago o retábulo que ele tinha feito no Palácio de Sintra, é tratado como cavaleiro da Casa Real, o que na altura, quer em Itália quer na Flandres, era uma distinção pouco usual”.
Já o historiador de arte e primeiro diretor do MNAA, José de Figueiredo, escrevera em 1910, após o restauro efetuado por Lucia­no Freire, o livro seminal e abrigo de todas as teses oficiais — “Arte Portuguesa Primitiva. O Pintor Nuno Gonçalves” —, em que identificava as tábuas como um remanescente do retábulo do altar de São Vicente na Sé de Lisboa, a que já tinha sido atribuída a autoria de Nuno Gonçalves por Francisco de Holanda. E esse é o chão seguro que Joaquim Caetano prefere pisar: “Está tudo documentado, por isso nós temos em relação a esta figura do Nuno Gonçalves não só a documentação indiciária como a documentação segura de que a Corte de Afonso V o via como um pintor absolutamente extraordinário em relação à massa comum.” Republicano e positivista, pertencente a uma escola que pretendia descobrir senão mesmo criar as escolas portuguesas, como sucedia com Teófilo Braga em relação à literatura, José de Figueiredo pode ser considerado o pai de todas as teorias sobre os “Painéis”, ao “definir” uma escola de pintura portuguesa que parte de Nuno Gonçalves. Sucede que antes de Gonçalves nada havia. E depois nada houve que seguisse a mesma linhagem.
“Mas para afirmar que [os ‘Painéis’] pertencem à Escola Portuguesa precisávamos de ter algumas dezenas de outras pinturas, e não há muitos exemplos portugueses desta altura. O que é extraordinário aqui é o inverso, é que, das cerca de 30 pinturas que conhecemos do século XV, 12 sejam deste conjunto. Ou seja, estes ‘Painéis’ foram guardados de uma forma extraordinária num tempo em que era normal, quando se retirava um retábulo, reaproveitar a madeira”, explica Joaquim Caetano. “Pelo menos quatro das pinturas que conhecemos do século XV foram descobertas com outras do século XVI por cima. Isto é demonstrativo da importância que era poupar no suporte, enquanto, quer na Flandres e sobretudo na Itália, temos desde muito cedo uma historiografia de arte, uma memória e uma valorização da pintura, que faz com que se guardem os desenhos dos mestres antigos ou os cadernos de apontamentos de Leonardo. Em Portugal, o primeiro memorialismo publicado é do século XIX, antes não havia a valorização da pintura como obra de arte que devia ser preservada depois de perder a sua função devocional e litúrgica”, revela o diretor do MNAA. Ao contrário, diz mesmo que nas constituições sinodais portuguesas (os regulamentos de cada bispado), o que se encontra sistematicamente é a instrução sobre como se deviam destruir as imagens antigas. “Era a funcionalidade da obra enquanto algo útil ao sistema de culto que se impunha e não a sua dignidade artística, o que dificulta muito o nosso trabalho. Uso sempre a metáfora de estarmos a construir um puzzle em que faltam 90 por cento das peças.”
Apesar de defender a autoria de Nuno Gonçalves, Joaquim Caetano não abandona a proximidade deste a Rogier van der Weyden — pintor de Filipe, o Bom, duque da Borgonha, casado com Isabel de Portugal, filha de D. João I e irmã do infante D. Henrique, que viveu entre 1399 e 1464 —, recordando, por exemplo, a similitude do Cristo crucificado no “Santo Franciscano” atribuída ao pintor português e outro, do artista flamengo, que aparece numa pintura concebida para a Cartuxa de Bruxelas.

“Não há dúvida nenhuma de que [o pintor dos ‘Painéis’] domina totalmente a técnica do óleo — certamente que aprendeu, muito antes ou cá, a técnica flamenga. O problema é que, quando fazemos qualquer abordagem histórica, temos de colocar os conhecimentos numa série cronológica para podermos ver a evolução, e o nosso principal problema, do ponto de vista artístico, com esta pintura é que conhecemos muito pouco de relevante em Portugal o que havia de anterior. Fazer essa linha cronológica é muito difícil, mas há alguns pontos, como este sistema de acabamentos com estes pequenos traços paralelos de luzes, que podem dar-nos a ideia de que era um pintor que, apesar de dominar a técnica do óleo, tinha alguma habituação a trabalhar também com outras técnicas que aqui seriam mais usuais.”
Haverá cada vez mais evidências desta proximidade entre os dois artistas. Segundo Joaquim Caetano, “como as técnicas têm avançado muito nas últimas décadas e como todos estão a trabalhar com estas novas técnicas, o material de comparação das ligações mais próximas permite detetar, do ponto de vista da utilização de algumas fontes iconográficas, um certo relacionamento da oficina [onde foram feitos os ‘Painéis”] com modelos de Rogier van der Weyden. A relação está a ficar cada vez mais próxima”, avança o diretor do MNAA. E regressa ao Cristo crucificado: “Sendo um quadro feito para um convento completamente fechado, esse conhecimento não podia ser uma simples réplica, mas de alguma forma teria de haver um conhecimento dos materiais do ateliê para se chegar a uma aproximação desses modelos.” Mas reconhece que é cedo para certezas: “Estas são questões para se irem colocando nos próximos anos.” Sobre este tema, Lorne Campbell, o conservador da National Gallery, escreveu um artigo para o Expresso, em 2015, em que, a propósito da grande exposição de Rogier van der Weyden no Museu do Prado por si curada, notava a familiaridade com Nuno Gonçalves: “O ‘Santo Franciscano’, da oficina de Nuno Gonçalves, segura um crucifixo, e essa figura de Cristo é tão semelhante ao Cristo na ‘Grande Crucifixação’, de Rogier van der Weyden, que existe certamente alguma conexão entre os dois.”
Quando a discussão é sobre o lugar para onde foram produzidas estas pinturas, Joaquim Caetano prefere apoiar-se novamente nas provas documentais. “Há imensas teses sobre os ‘Painéis’ e sobre a sua origem, no entanto, em relação a estas pinturas, que pensamos que sejam do retábulo da Sé de Lisboa, quer por razões iconográficas do Santo Diácono, quer porque há uma série de documentos que nos permitem segui-las desde que estiveram na Sé até que saí­ram, foram guardadas na Mitra Patriarcal, voltaram para São Vicente de Fora e foram descobertas. Essa linhagem de algumas dezenas de referências documentais e críticas pode ser feita para a Sé de Lisboa e não pode ser feita para nenhuma das outras hipóteses colocadas, como quando se fala que vieram da Capela de São Crispim e São Crispiniano ou da Batalha. Não temos informação nenhuma de que lá tenha estado um retábulo desta dimensão e desta importância, enquanto para São Vicente de Fora são recorrentes.” Recorde-se que, após a publicação do livro de José de Figueiredo, a questão estalou quando, em 1925, José Saraiva, um professor de Português do Liceu de Leiria e mais tarde reitor do Passos Manuel e membro da Junta de Educação, apresentou a tese de que o santo não era São Vicente mas sim D. Fernando, o infante santo, irmão do infante D. Henrique, martirizado no Norte de África. José Saraiva, pai dos historiadores José Hermano Saraiva e António José Saraiva e avô de José António Saraiva, ex-diretor do Expresso, passaria a ser o representante mais notório das teses que se opunham à teoria de José de Figueiredo, sendo o maior representante da barulhenta oposição que, nos anos 1920, se fez ouvir face à teoria oficial dos “Painéis”.
MUITAS MÃOS SOBRE OS “PAINÉIS”

O projeto de estudo, conservação e restauro dos “Painéis de São Vicente” resulta, como explica de forma oficial o MNAA na sua página eletrónica, de um protocolo mecenático assinado entre o o museu, o Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga, a Direção-Geral do Património Cultural e a Fundação Millennium bcp, a quem cabe a parte mais pesada do investimento, calculado inicialmente em cerca de meio milhão de euros. O prazo do acordo terminava este ano, mas já foram efetuadas conversações para o seu alargamento. Além da participação de conservadores do MNAA, integram este projeto dois elementos contratados especificamente para esta intervenção, contando-se ainda com o apoio técnico do Laboratório José de Figueiredo e do Laboratório Hércules da Universidade de Évora.
Antes desta iniciativa, aquela que mais profundamente marcou a conservação do políptico foi a já referida, efetuada entre 1909 e 1910 por Luciano Freire, pintor e professor de Belas Artes, muito próximo de José de Figueiredo, primeiro diretor do MNAA e responsável pela intervenção em grande parte da pintura antiga portuguesa à guarda do museu. Nos anos 50, outro projeto de restauro teve lugar, desta vez de forma a preparar a obra para uma deslocação a Inglaterra (onde esteve exposta na Royal Academy of Arts), realizado por Fernando Mardel Araújo, discípulo de Freire. “A intervenção dos anos 50 foi mais generalizada do que pensávamos. Tínhamos a ideia de que tinha sido uma pequena intervenção para preparar a exposição de Londres. Deixou poucos relatórios e documentos, mas na pintura está muito presente”, explica Joaquim Caetano, de olhos postos nas tá­buas, todas desarrumadas na sala do museu que dirige. “Estamos na fase de limpeza de vernizes e apanhamos diferentes vernizes, feitos com produtos distintos, usados numa altura e não noutra, o que implica a utilização agora de diferentes solventes. Cada intervenção leva a um envernizamento total, porque os vernizes têm uma função protetora e de acabamento. Depois de tudo retirado e limpo, também vamos colocar um novo verniz.”

Com Mardel, houve não só alteração cromática do retoque mas também das próprias massas utilizadas, que, segundo Joaquim Caetano, “estão quase a saltar”, justificando a urgência do restauro. “Esta foi a primeira razão da intervenção. Desde o início dos anos 50 que João Couto [ex-diretor do MNAA, 1892-1968] andou a dizer mais ou menos a mesma coisa que eu digo — que os restauros se estavam a degradar e que era preciso intervir nos ‘Painéis’. Naquele caso, o dinheiro só veio em 1955, e o Mardel fez a intervenção talvez mais à pressa do que seria desejável.”
O que é importante é que “esta intervenção foi proposta por uma razão muito objetiva: grande parte do restauro de 1910 estava muito deteriorado, porque as massas que tinham sido colocadas para tapar as lacunas da pintura estavam alteradas, em alguns casos tinham até aumentado de volume”. “A intervenção de Luciano Freire foi feita com materiais que já eram artificiais, numa pintura que tem 400 anos, logo, àquilo que podia ter sido o natural envelhecimento da pintura original, que já estava completamente estabilizado, é sobreposto o envelhecimento de materiais novos, que envelhecem de outra maneira”, explica. A grande diferença entre este restauro e os outros já realizados é este ser o primeiro acompanhado por métodos científicos de exame e análise. “Desta vez nós podemos, antes da intervenção, saber no que estamos a intervir. Luciano Freire foi tateando com os olhos, agora conseguimos ver o que era original e o que não era, temos uma bateria de informação completamente diferente, um mapea­mento completo de qual é a composição química de cada ponto dos ‘Painéis’ em toda a sua superfície”, garante o diretor do MNAA.
Esse trabalho minucioso tem revelado alguns aspetos imprevistos, como a profundidade das intervenções anteriores. “O que Luciano Freire encontrou não era a cara original do santo, por exemplo, e quando retirou o repinte havia uma cara mais homogénea e que acabava por ser mais próxima das outras. Havia bigodes por todo o lado, as tábuas estavam negras e tinham restauros e repintes mais antigos, que Freire disse que eram feitos com uma técnica próxima do original. Mas também havia restauros mais recentes, feitos com uma técnica de má qualidade, que ele tirou”, desvenda Caetano, acrescentando que, muito antes, “com D. João V houve também uma junta de pintores para analisar a obra e que terão realizado uma intervenção”.

Depois de tantas mãos terem tocado naquelas pinturas, o propósito agora é estabilizar, com base na ciência, a sua imagem mais genuína. “Os ‘Painéis’ que vão sair destas intervenções serão mais próximos dos originais”, defende o diretor do museu. Alguns restauros foram seletivos e não gerais, levantando agora problemas. Como a rede dos pescadores, da qual se veem traços no desenho subjacente ao atual e que “parecem indicar que uma rede já lá tinha estado”. Explica ainda que a única forma de distinguir o que lá estava do que lá foi posteriormente colocado é que, “se as pinturas eram sempre envernizadas, quando se retira o verniz fica sempre alguma coisa por baixo, não se vai até ao nível da pintura, o que quer dizer que através de análises seletivas é possível saber-se se a tinta de uma parte está diretamente colocada sobre a tinta das vestimentas, o que significa que foram feitas na mesma altura, ou se há um verniz intermédio, que seria sinal de um acrescento posterior.” Minúcias que exigem rigor e muito tempo de trabalho e que, associadas aos atrasos causados pela pandemia, farão com que o restauro se prolongue para lá da data inicialmente prevista.
DESCOBERTAS, APESAR DE TUDO

“O que dificulta a análise é que, além dos restauros globais, houve muitos restauros seletivos, e todos os vernizes, com o tempo, mesmo os mais modernos, ficam oxidados, escurecidos, amarelados, por isso, quando fazemos uma intervenção, retiramos todas essas camadas uniformemente. Mas nem sempre foi assim: houve intervenções certamente mais apressadas que podiam incidir sobre uma parte de um rosto que estava a ficar escuro mas não clareava as vestes e, ao fazerem estas limpezas seletivas, a situação complica-se”, partilha Joaquim Caetano. É como se a pintura fosse composta por milhares de pequenas zonas de intervenção e, sobre cada uma, pesará a necessidade de decidir até onde ir, o que deixar e o que retirar.

É o que acontece em toda a zona relativa ao homem idoso ajoelhado, em que, com os instrumentos contemporâneos, percebe-se que a cabeça da personagem foi refeita, de maneira a parecer mais arredondada, quando, originalmente, aquele crânio ostentava um defeito. Uma perturbação que, no entanto, poderá dar indicação da identidade da figura, se no futuro os investigadores encontrarem uma descrição numa crónica ou em outro documento de época de alguém que fosse conhecido por ter a cabeça amolgada.
Também houve novidades em relação à cor da dalmática vestida pelo diácono, tendo-se comprovado com os equipamentos utilizados neste restauro que houve já uma versão azul, que depois passou a vermelha. “É por isso que digo que os problemas levam a interrogações. O azul nem é uma cor litúrgica, e foi por isso que me questionei, mas os santos diáconos aparecem de azul, como Lourenço, Estêvão e Vicente, quer nas iluminuras quer nas pinturas, com dalmáticas azuis por influência francesa, porque o azul está associado à cor heráldica francesa. Existem ainda hoje paramentos e dalmáticas azuis”, conta o diretor do MNAA.

Quanto a quem veste estas dalmáticas, Joaquim Caetano não soma dúvidas. “São Vicente faz parte dos mitos constituintes da nacionalidade, cruza-se com tudo.” A História sai como se de uma fábula se tratasse: “Mesmo na descoberta das relíquias, depois da Batalha de Ourique, Cristo aparece a Afonso Henriques, que é pela primeira vez exaltado pelas suas tropas como rei de Portugal. Ele pega nos prisioneiros, vai a caminho de Coimbra, a principal cidade do reino na altura, onde está São Teotónio, ideólogo da nacio­nalidade e primeiro santo português, que era prior na Igreja de Santa Cruz, que tem uma importância enorme para que o Papa aprove a nacionalidade portuguesa, e que diz a Afonso Henriques que no meio dos árabes prisioneiros havia muitos cristãos, e serão estes que irão informar onde esconderam o corpo de São Vicente. O rei manda uma primeira expedição que não encontra nada, e é depois de tomada Lisboa que uma segunda expedição encontra as relíquias, que vão para a catedral para serem o símbolo de Lisboa. De facto, ainda hoje, continua-se a fazer o culto de São Vicente na Sé, com uma paramentaria própria e que é vermelha.”
Perante a pergunta: se é São Vicente, então porque é que a imagem dos “Painéis” não aparece associada à iconografia mais habitual do santo (a palma do martírio e o barco), Joaquim Caetano responde com novas hipóteses. “O que nós sabemos é que isto era um grande retábulo, que não só tinha estas tá­buas mas um conjunto maior, com a vida e os martírios de São Vicente. Ou seja, o santo que está aqui tinha toda a sua história contada nos outros painéis, dos quais nós temos tábua e meia, uma em que ele está amarrado numa cruz em aspa [em forma de X], que é uma das formas do martírio de São Vicente, e outra em que está preso à coluna, ambos com um rosto muito semelhante a este.” Então, se a palma e o barco não estão no políptico é porque estariam em outras tábuas? “Era como escrever um romance em que não se precisa de dizer quem é a personagem principal em todos os capítulos. O que temos nestes painéis é um conjunto de personagens laicas, que estão em veneração de uma dupla figura religiosa. Ou seja, o retábulo, pelas descrições que existem, tinha também a caixa das relíquias e, no centro, uma escultura de vulto, em que ele estaria com a palma e com o navio.”
O QUE FICARÁ DEPOIS

“A próxima fase será a mais difícil, depois de todos os exames e testes para detetar os vários restauros com os vários tipos de vernizes diferentes, quando tivermos certezas sobre os materiais e as suas percentagens de utilização e quando avançarmos para o nível da pintura, onde vamos encontrar os repintes e retoques, uns mais antigos do que outros, uns mais alterados do que outros”, afiança Joaquim Caetano. O que se torna agora complicado é justamente a decisão sobre o que se vai tirar e o que ficará. “São decisões críticas. Cada fragmento é um problema distinto, porque em alguns casos não há nada por baixo, e se o retoque está estabilizado e se não cria uma distorção visual muito forte não há porque estar a tirá-lo para fazer um novo. E há casos em que tiramos porque conseguimos detetar que por baixo há zonas em que nos podemos agarrar para com segurança fazermos uma intervenção mais próxima do que falta. São decisões muitíssimo difíceis.” O grande objetivo da equipa é “no fim ter mais pintura original visível”.
Dito isto, “o que há aqui de Portugal?” “Há uma pintura que não é espanhola, nem flamenga, nem francesa, nem italiana. E que, se aparece em Portugal, tem todas as condições para não ser de mais nenhum lado, sendo improvável que tenha sido feita em escolas desconhecidas. Tudo leva a crer que é específica de Portugal e, sobretudo, desse pintor [Nuno Gonçalves], a quem a documentação dá uma importância absolutamente excecional.”

Sendo assim, resta acabar o trabalho e voltar a expor os “Painéis” à população. É quando surge outra dúvida: de que forma serão organizadas as seis tábuas? “Não há comprovação científica de que a disposição original seja essa [determinada por Almada Negreiros em 1926], até porque a ideia de integridade do conjunto não é evidente, porque não sabemos se falta mais alguma coisa”, afirma Joaquim Caetano. “Sabemos que, quando foram encontradas, as pinturas pequenas estavam juntas umas às outras, e ainda vemos os sítios onde se encaixavam. Provavelmente, quando as pequenas foram juntas, foi nessa altura em que, para formar um único painel, foi necessário repintar para completar as imagens. Há outros casos no museu”, explica. Vale a pena recordar que a disposição proposta por José de Figueiredo assentava em dois trípticos. A atual solução foi proposta por Almada Negreiros e José de Bragança, quando em visita às Janelas Verdes “reorientaram” os “Painéis” segundo a perspetiva que os ladrilhos pintados sugere. Como curiosidade, é preciso notar que a descoberta foi disputada entre Bragança e Negreiros de forma acesa, com cenas de pancadaria na Brasileira do Chiado. A ponto de o conhecido modernista português ter seguido para Espanha na sequência deste episódio. A sua tese — ele e Bragança disputavam a descoberta — vingaria, de maneira que a disposição dos “Painéis” em políptico de seis tábuas (e não em dois trípticos) ficaria assente em “Diário da República”, algo inédito na história de arte de todo o mundo.
É altura finalmente de uma última pergunta. “O grande mistério deste políptico é ter o santo a olhar para si mesmo?” “Isso dizemos nós ao aceitarmos essa disposição. Mas há uma questão mais interessante: um dos grandes especialistas de iconografia religiosa de meados do século XX, que nos anos 50 deu aqui uma conferência, George Kaftal, defendeu sempre que isto não podia ser um conjunto, mas sim dois trípticos, pela razão iconográfica de que não era aceitável a duplicação de uma figura icónica no mesmo retábulo. Isso é verdade até um certo ponto, se considerarmos que a multiplicação de imagens do santo é normal numa sequência narrativa [como numa banda desenhada], o que pode querer dizer que aquilo que nós entendemos como uma figura icónica tem uma narração à qual nós não chegamos. Ou seja, que isto faz parte de uma história que eles sabiam exatamente qual era.” Confusos? Esta é a essência dos “Painéis” ditos de São Vicente, e desta forma, mesmo sem garantias de que a organização das tábuas seja a atual, o diretor diz que, na falta de provas documentais de que deveriam ser de outra forma, voltarão a ser apresentadas com o diácono frente a frente consigo próprio.

Ei amigos, vou fazer a décima edição do meu jornal hoje de noite, caso vocês tenham histórias ou já tenham criado e eu não coloquei na nona edição, poderiam me mandar via telegram por favor. Agradeço 😊

Ah e caso alguém tenha alguma dúvida só me marcar

Aí família, quem quer enviar ainda a história, só mandar telegram 😳

Prtugal wrote:Se fosse só em carreiras científicas. É precariedade em tudo....

Acho que ele se devia focar nos salários, SNS e direitos laborais

Sim mas uma carreira científica não tens contrato. Tens uma bolsa. Que tens de renovar todos os anos durante o período da bolsa. O salário é extremamente baixo e tendo em conta que na carreira científica tens pessoas com formação doutoral e pós-doutoral os baixos salários e precariedade são injustificáveis. Também não tens descontos sobre o valor que recebes da bolsa como salário.
A precariedade noutros setores pode ser elevada e reconheço isso, mas a precariedade na investigação científica é já estrutural

Caxina wrote:Sim mas uma carreira científica não tens contrato. Tens uma bolsa. Que tens de renovar todos os anos durante o período da bolsa. O salário é extremamente baixo e tendo em conta que na carreira científica tens pessoas com formação doutoral e pós-doutoral os baixos salários e precariedade são injustificáveis. Também não tens descontos sobre o valor que recebes da bolsa como salário.
A precariedade noutros setores pode ser elevada e reconheço isso, mas a precariedade na investigação científica é já estrutural

aliás, porque depende sempre também dos resultados, mais do que noutros setores, dado que é um trabalho de investigação normalmente

Escorraçámos o Blasiu em troca de trolling ao nível de um jardim de infância das favelas. Verdadeiramente merecemos cair enquanto micro-sociedade.

Vae victis!

Caxina wrote:Sim mas uma carreira científica não tens contrato. Tens uma bolsa. Que tens de renovar todos os anos durante o período da bolsa. O salário é extremamente baixo e tendo em conta que na carreira científica tens pessoas com formação doutoral e pós-doutoral os baixos salários e precariedade são injustificáveis. Também não tens descontos sobre o valor que recebes da bolsa como salário.
A precariedade noutros setores pode ser elevada e reconheço isso, mas a precariedade na investigação científica é já estrutural

Acho que temos que trazer de volta a escravatura.

Muitos dos pedagogos e cientistas no Império Romano eram escravos. Dessa forma não haveria necessidade de bolsas, todas as necessidades de vida dos doutores seriam da responsabilidade dos donos. Podíamos vender e comprar escra...candidatos a cientista no OlX.

Isto é obviamente uma solução brilhante e a IL devia colocar isto no programa. Agora tenho que sair que a enfermeira diz que é hora de tomar a minha medicação.

Herya wrote:direitos laborais em geral, ou algum assunto mais em específico (recibos verde, por exemplo) ou achas que é preciso uma reforma geral em toda área?

com os recibos verdes lembrei-me também da segurança social: o governo precisa de arranjar forma da segurança social não ir à bancarrota na próxima década, é triste que nenhum partido ande a tentar arranjar uma solução séria que passe por reformar o sistema de segurança social, porque, mesmo assumindo que este é o melhor, não está manifestamente a funcionar, mesmo que seja por algo específico de portugal

para mim, que estou a pensar viver de subsidios, não me faz diferença, mas pensei nas crianças...

Há uma suposta reforma que eles dizem que vai acabar com a precariedade. Mas os contratos temporários passaram de 2 anos de limite a 4. Uma reforma no geral

Astartia wrote:Acho que temos que trazer de volta a escravatura.

Muitos dos pedagogos e cientistas no Império Romano eram escravos. Dessa forma não haveria necessidade de bolsas, todas as necessidades de vida dos doutores seriam da responsabilidade dos donos. Podíamos vender e comprar escra...candidatos a cientista no OlX.

Isto é obviamente uma solução brilhante e a IL devia colocar isto no programa. Agora tenho que sair que a enfermeira diz que é hora de tomar a minha medicação.

nao sabes se já não têm isso no programa, aquilo tem mais de 600 páginas e duvido que alguém tenha lido tudo

Herya wrote:aliás, porque depende sempre também dos resultados, mais do que noutros setores, dado que é um trabalho de investigação normalmente

Sim, se nao tiveres resultados perdes a bolsa e podes ter de pagar multas ao estado

Caxina wrote:Sim, se nao tiveres resultados perdes a bolsa e podes ter de pagar multas ao estado

não ter resultados num estudo nem tem de estar ligado a mau trabalho, enquanto que ter maus resultados a entregar refeições da glovo, geralmente, está associado a um mau trabalho do estafeta, o que torna ainda mais precário do que trabalhos desses que já são precários

«12. . .3,4533,4543,4553,4563,4573,4583,459. . .3,7263,727»

Advertisement