by Max Barry

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by The Fake News of Jornal Tuga. . 77 reads.

Revista Orpheu #12 - E a economia oh estúpido?!

Leitores, leitores, bem-vindos de volta ao nosso reino da imaginação, esse em que os sonhos vêm para morrer e apenas temos informações bizarras, e às vezes aborrecidas, para vos contar. Muita diversidade, portanto!

Esta edição decidimos vir discutir os planos que supostamente vêm reanimar uma economia de um país pobre; uma promessa muitas vezes ouvida pelos portugueses, em vários momentos da nossa história, entre outros assuntos.




O Plano para 10 anos que nos vai tirar a Economia da Lixeira
por Herya

Para tal, fui dar uma vista de olhos ao que nos diz o Fórum para a Competitividade sobre este programa que, supostamente, nos irá salvar, tudo para que vocês não tenham de o ler!

ATENÇÃO: o leitor encontra-se presentemente a entrar num domínio do sono e da tão pouca perturbação. Rapidamente desvia-se de todos os estímulos que o podiam acordar. É apressada a sua descida neste reino desconhecido... O leitor foi dormir uma sesta.... à Twilight Zone.

1. SITUAÇÃO ATUAL PORTUGUESA

LinkA resposta do Fórum principia-se com o maior dos sarcasmos e uma passivo-agressividade que não imaginava encontrar em analistas económicos. Suponho que os economistas estejam mesmo chateados com o governo... o que demonstra que afinal os economistas entendem o sentimento do povo; longe de serem uma elite, eles estão tão irritados com a "bosta dos políticos" como qualquer outro português.

O programa de Costa Silva tem muitas falhas por onde se pode começar, mas seria mais sábio reparar que muitas surgem de um diagnóstico deficiente dos problemas do país, em relação aos problemas europeus, concentrando-se mais no impacto mundial e geral em Portugal. Ora, isto falha na medida em que este é um programa que deverá ser executado com fundos europeus, dado que integra um plano europeu.

O texto "perde-se" num conjunto de projetos de estimação de vários ministérios, com uma apresentação impercetível - "quatro linhas para o programa de atração de
investimento externo e catorze para o Programa de Transformação de Paisage". Impercetível é também o critério, ou critérios, e porque ordem, que foi tido em conta para o apoio de cada projeto delineado; os quais não estão quantificados. Talvez alguém esteja à espera ainda de saber quantos cêntimos vamos receber para poder executar alguma coisa do plano de 10 anos.

O plano, segundo o Fórum, recusa-se a a confrontar os projetos políticos da geringonça, seja na ideologia ou na prática, o que, na minha opinião, não é supostamente a utilidade do plano do Conselheiro do Governo da geringonça, mas ok. No entanto, na resposta ao plano, segue-se que é esta escolha em não confrontar o governo que impede atratividade de investimento estrangeiro através da fiscalidade e que explica a ausência da descapitalização total de Portugal, ao nível público, familiar e empresarial, do texto do plano.

É apontada, e muito bem, também a ausência de qualquer referência ao nível da educação e formação profissional. Enquanto estudante de Ciências sei bem todo o desprezo que há para com os cursos profissionais; alvo de piada mais fácil só mesmo gente de artes ou humanidades, que insistem que MACS é mais difícil que Matemática A. O importante é que não somos só nós adolescentes que troçamos do curso profissional, é também o sistema educacional, que o põe em segundo plano: um modo de formação essencial para grande parte do Setor Secundário e cada vez mais do Setor Terceário, especialmente hotelaria - Isto tudo constitui o desperdício de grande potencial jovem e económico, em termos de ideias e produtividade, quer-me parecer.

O documento termina com um apelo a que o governo olhe para o plano de recuperação espanhol, cujo governo é ideologicamente similar, na visão do Fórum.

2.1 ELOGIOS...

Escusado será dizer que só meia página das efetivamente 3 páginas que constituem esta parte do documento se dedica a elogiar o plano, acho que é possível reconhecer um padrão. Malta... escondam melhor, vá lá! Mesmo assim, é possível observar pontos fortes no plano redigido:

  • Tornar as empresas o centro do plano de recuperação, "transformando-as no motor real do crescimento e da criação de riqueza", ajudando-as a expandirem-se além do mercado interno;

  • Reconhecimento da necessidade de reformar a administração pública, desburocratizando-a e tornando-a mais acessível aos cidadãos e empresas, desenvolvendo-a a nível digital.

2.2 ...E CRÍTICAS A UM PLANO ASSIM-ASSIM

Mas é aqui que terminam os elogios e depois vêm, sensivelmente, 3 páginas tediosas de tudo aquilo que está em falta; infelizmente sem a recentemente descoberta insatisfação sarcástica dos economistas, para meu muito desgosto.

  • É ignorada a estagnação das últimas décadas resultante dos erros da política macro-económica de 1995 a 2011 e que originou de igual modo a explosão da dívida portuguesa;

  • A crença de que os problemas estruturais do país se devem a um modelo liberal "que nunca vigorou em Portugal". É impossível que qualquer modelo liberal tenha sido aplicado; foi antes o intervencionismo não ponderado ou prudente, "capturado por grupos de interesse (...) caprichoso, com volatilidade legislativa", uma das maiores queixas dos investidores;

  • Definem-se objetivos sem se definir instrumentos para os alcançar;

  • Mostra-se inconsciente nas deficiências do Estado e é demasiado brando nas suas propostas de reforma da administração pública;

  • Não há referências ao risco da corrupção num plano tão "dirigista". Seria melhor, na opinião do Fórum, aproveitar a capacidade do setor privado para afetar as verbas europeias.
    Um exemplo claro deste intervencionismo é o proposto investimento no hidrogénio verde, uma tecnologia que Costa Silva reconhece não estar madura (não se preocupem, irei falar noutra edição, talvez, sobre como toda a gente menos eu está certa sobre o hidrogénio, uma moda recente entre as colunas de opinião). O país deveria aprender com o passado e com o uso errado de investimento público;

  • Não se explica a falta de preocupação face ao problema do défice e endividamento de um país com a 3ª maior dívida a nível europeu. Há poucas referências ao Investimento Direto Estrangeiro e à necessidade de o atrair, de modo a quebrar o "ciclo de estagnação-contas públicas frágeis-impostos excessivos-estagnação";

  • Por fim, não há foco na especialização da mão-de-obra, preferindo o plano dar o holofote às infraestruturas físicas em vez de aos recursos humanos, ainda por cima, depois de um brutal – e ineficaz – ciclo de betão (1995-2011).

3. SUGESTÕES DO FÓRUM PARA A COMPETITIVIDADE

Após tanta porrada dada ao plano adotado pelo governo, o Fórum para a Competitividade acaba, enfim, por fazer a sua parte e dar várias sugestões que o governo deveria, na sua opinião, adotar para uma melhor recuperação económica do país e para criar um plano que tenha uma visão estratégica realmente capaz de guiar o país.

Reconhecem que o maior obstáculo ao desenvolvimento económico do país reside na lentidão da justiça fiscal e, para resolver esse problema, é sugerido o recurso a ajuda de instituições europeias, de forma a apressar processos indispensáveis ao bem-estar da população.

O peso das empresas pequenas na economia é demasiado grande e, como tal, deve-se ter em vista medidas limitadas, propositadamente, que incentivem ao crescimento destas empresas através de fusões, dado que apenas por crescimento orgânico não conseguem na sua maioria alcançar os mercados internacionais. Suponho que a limitação destas medidas tenha em mente a não criação de monopólios e de medidas que impeçam a competição.

Deve-se tornar mais clara a relevância de toda a ajuda do Estado, criando um regime de validação prévia de investimento relevante. Ao alargar mecanismos já conhecidos como o regime de crédito fiscal por investimento em inovação e desenvolvimento constante às empresas "zombie" (dependentes da banca e incapazes de cumprir as suas obrigações), estas serão reconvertidas, salvando-se emprego e ganhando as empresas escala sem necessidade de direção estatal, o que leva a um uso mais racional dos recursos do Estado.

Dada a descapitalização destas empresas, a concessão destes créditos deve ser alargada no tempo, "no mínimo 12 anos", podendo ser deduzidos a impostos pagos no passado. Este mecanismo deve ser alargado também a empresas que não participem em operações de concentração mas que aumentem a sua produtividade e que possam deduzir estes créditos em imposto ligado aos mesmos termos do seu investimento.

O incentivo via créditos fiscais pode ainda ser aplicado, como foi no passado com muito sucesso, a empresas que criem emprego o que, para além de ajudar ao investimento, alivia a pressão do sistema de segurança social, cada vez mais dependente em apenas uma fatia dos contribuintes.

Como não poderia faltar a um Fórum para a Competitividade, é sugerida a redução do IRC para 12,5% em 3 exercícios no período [2020-2024] para a matéria coletável de IRC que não exceda 2.5 milhões de euros, de modo a ajudar as micro a médias empresas. A possibilidade de escolha deve-se aos prejuízos vindouros que são previsíveis. Deve-se, também, permitir que estas empresas tenham mais capacidade em sobreviver apesar dos prejuízos expectáveis, o que não será um problema já que seráo apoiadas empresas sãs e não as cronicamente deficitárias.

Finalmente, são sugeridas várias medidas para aumentar a atratividade a, e a captação de Investimento Direto Estrangeiro, o qual será necessário ao financiamento de planos de recuperação económica do país.

CONCLUSÃO

Depois de demorar 1:30h a ler estas 10 páginas e escrever este texto, posso dizer que me fica claro que, na opinião do Fórum para a Competitividade, a recuperação económica deve acontecer às costas do crescimento do setor privado, o qual deve ser recapitalizado com incentivos fiscais e deve ser convertido de modo a criar empresas com maior alcance internacional ao nível dos mercados em que vendem, salvando e até criando emprego, o que diminuirá custos para o Estado no longo prazo e permitirá que os use de forma mais racional no futuro.

Bem, suponho que seja esse o objetivo de um plano para o futuro... pensar no longo prazo.

Pois é, é fixe sonhar, meus senhores!

PS: posso ser só eu, mas acho que as despedidas dos senhores do fórum na sua resposta têm um bocado daquela passivo-agressividade que não lhes consigo imaginar e que foi a única coisa que me manteve entretido enquanto lia este texto:

    "Ficamos à disposição de V. Excelência, bem como dos restantes membros do Governo, para desenvolver as ideias apresentadas." (traduzindo, nós sabemos que vocês são burros e não percebem nada de economia, portanto se precisarem fazemo-vos um desenho)

    "Com os melhores cumprimentos, subscrevemo-nos com elevada consideração."

Acho que vou começar a terminar todos os meus textos com esta última frase. Realmente, se eu disse algo então devo subscrever o que disse com elevada consideração. Vou ter isso em mente daqui para a frente.



E agora, um tema de que queria falar há já muito nesta revista!

MacBeth: A pessoa, não a peça
por Herya

Como muitos sabemos, MacBeth foi um rei escocês, mas, no entanto, a nossa ideia desta personagem está manchada pela peça de Shakespeare, a qual retrata esta personalidade histórica como um usurpador e um bruto. Porém, o rei MacBeth foi um governante competente e viveu uma vida que certamente não se cinge àquela descrita nas páginas de uma peça.

Juventude

MacBeth, rei dos Escoceses, nasceu por volta de 1005 d.C., sendo o seu nome real Mac Bethad mac Findláich e MacBeth apenas fruto de influência inglesa, e era filho de dois nobres escoceses. No século XI, a Escócia era, ao contrário de hoje, uma coleção de pequenos reinos, um dos quais era Moray, governado pela família de MacBeth. Acredita-se que estes reinos fossem governados autonomamente por reis vassalos ao rei da Escócia, num sistema similar ao que a Irlanda tinha na altura.

Aquando do nascimento de MacBeth, o rei da Escócia era Malcom II, o seu avô materno (ou, segundo outras versões, um primo seu). Malcom decidiu acabar com o sistema de sucessão vigente no reino, que via o rei ser sucedido pelos seus irmãos, em vez de pelo seu filho primogénito. Em vez disso, o rei decidiu que a coroa passaria para o seu herdeiro, eliminando os pretendentes através da espada, em atos verdadeiramente homicidas.

Porém, poucas provas há de que Malcom alguma vez tenha tido um filho, sabendo-se apenas de filhas suas, o que levou a que o seu neto Duncan fosse o herdeiro aparente. Mais tarde, este será coroado Duncan I, o rei que na peça de Shakespeare MacBeth trai.


Caminho até ao Poder

Passados alguns anos, o pai de MacBeth é usurpado pelo seu sobrinho, mas, em 1032, este e 50 dos seus seguidores foram presos numa sala e esta foi incendiada, morrendo a principal oposição de MacBeth a recuperar posse de Moray. Não se sabe quem ordenou este incidente, mas é óbvio que MacBeth era aquele com mais a ganhar.
Depois de um acontecimento macabro como estes, MacBeth casa com a viúva do usurpador e estava agora pronto a governar o seu território.

Cedo surgiram desafios a norte, e as suas tropas tiveram de defrontar as de Thorfinn, o Poderoso, um poder crescente no norte da Escócia e um provável vilão num filme da D.C. Comics. Apesar de tudo, MacBeth saiu deste confronto derrotado.

Em 1034, Duncan é coroado Duncan I, o qual, segundo os contos da altura, era um rei ineficaz e cujo reinado pacífico com o qual costuma estar associado é uma influência da peça, pronta a contrastar Duncan com os defeitos de MacBeth. MacBeth vê neste rei fraco uma oportunidade de expandir o seu poder e, em 1040, as suas tropas derrotam as do rei perto de Elgin. A batalha vê MacBeth sair vitorioso e Duncan morto, embora não se saiba se foi Macbeth a desferir o golpe mortal. Após a batalha, o filho de Duncan foge do país e MacBeth é coroado rei dos Escoceses sem oposição.


Reinado

O seu reinado teve pouca oposição, não obstante, em 1045, o pai de Duncan I contesta o direito de MacBeth ao trono. Nesta altura as batalhas escocesas tinham dimensões muito aquém daquelas que imaginamos e constituíam confrontos muito mais locais e de pequena escala e após um confronto violento, o rebelde e 180 dos seus homens encontram-se mortos.

Esta rebelião resultou da tentativa da linhagem de Malcom II de recuperar o trono e instalar lá o filho de Duncan (o qual seria chamado de Malcom III). Depois de a derrotar, MacBeth devia estar confiante na estabilidade da sua governação, partindo para uma peregrinação em Roma (algo inédito para um rei escocês), aonde foi convidado a juntar-se ao Papa Leão IX, uma viagem que poderia ter demorado vários meses.

Em Roma, MacBeth esbanja grandes quantidades de dinheiro, o que poderá indicar que o reino era rico, ou pelo menos não tinha problemas financeiros, durante o seu reinado. O conhecimento do mundo geral por parte do rei mostra também que a Escócia estava firmemente assente no continente europeu.

No entanto, no final do seu reinado, começaram a surgir problemas na fronteira a Sul e, na batalha de Dunsinane, um exército vindo do norte de Inglaterra derrota as tropas Escocesas.[/b] O confronto termina com 3000 escoceses e 1500 ingleses mortos, uma enorme matança para a altura. MacBeth sobreviveu, mas o seu reino estava diminuído em tamanho e o filho de Duncan I tinha sido coroado rei nos territórios a Sul. Este seu novo adversário estava focado em vingar a morte do seu pai e tinha os olhos na coroa. Então, Malcom Canmore, futuro Malcom III, marcha em 1057 Escócia adentro, surpreendendo MacBeth, cuja esperança em sobreviver enquanto rei tinha sido breve.


Queda e Legado

As forças de Malcom cercaram o rei e forçaram-no a envolver-se numa batalha valente que acabaria na sua morte. No Norte, o enteado de MacBeth, Lulach, (para uns Lulach, o Sem Sorte e para outros Lulach, o Idiota) filho do homem que terá mandado matar e da sua viúva com a qual casou, foi coroado pelos seus seguidores, mas o seu reinado foi curto e em 4 meses Malcom III matá-lo-ia, capturando, finalmente, a coroa da Escócia.

  • Apesar de ser retratado como um tirano na peça de Shakespeare, Macbeth não foi um rei escocês fora do comum. Numa era violenta, também ele terá procurado vingar-se dos assassinos do seu pai e ascendido ao poder através da força, mas MacBeth mostra-se um personagem ambicioso, complexo, perspicaz e astuto, aproveitando todas as oportunidades para aumentar a sua influência. Em vida, demonstrou ter sido um rei capaz, mas as ações fraturantes que cometeu durante a sua vida acabaram por ditar o seu fim, com os seus inimigos a unirem-se com o objetivo de o destruir, um paralelo com os fantasmas do seu passado que vêm para o atormentar, na peça que tem o seu nome.

  • No fim de contas, é percetível que Shakespeare tenha sido seduzido por uma história tão poética e tenha querido transformar o conto de um escocês que se vê morto pela espada do filho de um seu inimigo de outrora numa peça que para o resto dos tempos ofuscaria a memória do homem que a inspirou.

FONTES:
Linkhttp://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/macbeth.shtml
Linkhttps://www.historyanswers.co.uk/people-politics/the-real-macbeth/



Obituário
Fragmentos suicidas da mente moderna

Sofro de Insónias
Deveria tomar alguns comprimidos
Daqueles que se colocam no céu da boca
E abrem uma cavidade de nove milímetros

É Domingo, Dia do Senhor,
Já pensei em corda fazer uma gravata
Para quando for ter com ele, em ideia sensata,
Apresentar-me com máximo rigor

Sou um deslocado do momento
Sinfonia social em contratempo
Suicida Modernista
Da Acropólis ostracizado

Deambulo por esta Terra
Como penitência do meu nascer
Desejo ser absolvido do meu pecado
Não vejo repugnância em morrer.

poema pel'O Homem do Asilo



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